sexta-feira, 10 de agosto de 2007

CRÍTICA: PRIMO BASÍLIO

Por Angélica Bito do CineClick.

O Primo Basílio é uma das obras mais conhecidas da literatura portuguesa. Publicado em 1878, o romance de Eça de Queiroz é capaz de envolver o leitor por se tratar de uma trama atemporal, baseada em sentimentos universais, como desejo, ambição e inveja. Por isso, trazer a trama de Lisboa para São Paulo numa época diferente não é absurdo e é essa a principal mudança na trama proposta pelo longa-metragem Primo Basílio.

Em 1958, os recém-casados Jorge (Reynaldo Gianechini) e Luísa (Deborah Falabella) circulam nos mais finos eventos da sociedade paulistana. Ele é um engenheiro contratado para trabalhar nas obras de construção da nova capital brasileira, Brasília. Por isso, fica afastado de seu lar. Luísa, uma jovem frágil e carente, logo sente falta da companhia do marido e acaba engatando um caso com o sedutor Basílio (Fábio Assunção), um primo que estava morando na Europa com o qual ela viveu um romance no passado. Os problemas começam quando sua empregada, Juliana (Gloria Pires), descobre um bilhete de Basílio. Aos poucos, a invejosa funcionária transforma a vida de Luísa num verdadeiro inferno.

A história de Primo Basílio não é muito diferente do livro, muito pelo contrário: algumas falas são exatamente as mesmas. Ou seja, a adaptação dirigida por Daniel Filho (enveredando-se no drama após três comédias, incluindo Se Eu Fosse Você) respeita o livro, o que é sempre um bom ponto em se tratando de filmes baseados em obras já existentes. Mas o grande destaque é a construção de Juliana no filme. Ao lado de uma personagem tão fraca, frágil e manipulável como Luísa, o espectador consegue se ver na torcida para que a vilã se dê bem ao longo da trama. Se Eça de Queiroz construiu uma vilã marcante em seu livro, Glória Pires é capaz de torná-la pior ainda em Primo Basílio com uma interpretação inspirada, o que já era de se esperar da atriz, que se destaca com facilidade no longa-metragem.

Primo Basílio tem alguns deslizes em sua produção, levando o filme ao piegas. A cena de sexo entre os personagens Basílio e Luísa tinha tudo para ser sensual, mas a trilha sonora escolhida é capaz de transformá-la num momento bastante cafona. Na verdade, as escolhas sonoras do filme foram as menos acertadas no conjunto. Mesmo assim, os méritos de Primo Basílio conseguem se sobressair, tornando o filme uma digna adaptação de um livro tão clássico.

Assista o Trailer do Filme:


Site do Filme: http://www.primobasilio.com.br/

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